SUBLINHADOS PARA TI

com a esperança da cor Verde, o que eu sublinhei enquanto dormias...

segunda-feira, junho 13, 2005

o dia-a-dia ainda está aqui
mas a tua ausência empurra-o
para uma banalidade quase
ridícula quase trágica
quase sórdida

Tento sublimar os pequenos
gestos rotineiros seguro
o pão e penso toma-me
entorno a água e digo
bebe-me

E de súbito a saudade é uma
gazela furtiva
parada silenciosa ao pé do nosso
móvel
roça a cabeça nos puxadores das gavetas
fala de distâncias que não conheço
de uma ausência
que me não cabe no peito

Seguro o ventre
enrolo-me no chão

e grito.


Rosa Lobato Faria, in 'A gaveta de baixo'