Aprendo a ver. Não sei por que motivo, tudo penetra em mim mais profundamente e não se imobiliza no ponto em que se costumava extinguir. Tenho uma interioridade que desconhecia. Tudo agora para aí se encaminha. Não sei o que aí se passa.Quando hoje estava a escrever uma carta apercebi-me de que estou aqui apenas há três semanas. Três semanas em qualquer outro lugar, no campo, por exemplo, seriam como um só dia, aqui são anos. Também já não quero voltar a escrever cartas. Para que hei-de dizer a alguém que me estou a transformar? Se me estou a transformar, já não sou aquele que fui, e sou diferente do que era até aqui, por isso é óbvio que não conheço ninguém. E é impossível escrever a pessoas desconhecidas, a pessoas que não me conhecem.
Rainer Maria Rilke, in 'As Anotações de Malte Laurids Brigge'
1 Comments:
e eu sentei-me aqui à beira destas palavras como quem se senta à beira da estrada e respirei-as.
são agora também minhas. são.
quando a realidade se mistura com as palavras dos outros é mais ou menos assim...ficamos sentados a respirá-las :)
beijihnos
paula.
reciprocidades.blogspot.com
Enviar um comentário
<< Home