SUBLINHADOS PARA TI

com a esperança da cor Verde, o que eu sublinhei enquanto dormias...

domingo, fevereiro 27, 2011

Que tenho o coraçao preto


Dizes tu, e inda te alegras


Eu bem sei que o tenho preto:


Está preto de nódoas negras



Fernando Pessoa

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

A Voz

Apesar de estar tão zangada consigo não resisto a escrever-lhe.Ontem, como sabe, foi quarta-feira e durante todo o dia esperei ouvir a sua voz porque precisava mesmo de ouvir a sua voz (não é de falar consigo, é de ouvir a sua voz)... e tive de desistir. Mas do que eu não posso desistir é de si. Se quiser eu digo-lhe porquê. Se não quiser eu não lhe digo nada. Se quiser, eu fico calada...Mas quero que saiba que acordo todos os dias a pensar em si, ou melhor e mais exactamente a olhar para si, e adormeço todas as noites a pensar em si, ou melhor a olhar fixamente para si, e por mais que me tente distrair e fazer outras coisas - mas eu não quero distrair-me e fazer outras coisas - volto a pensar irremediavelmente em si. Disto não tenho culpa porque não há nada que possa fazer senão pedir-lhe desculpa de ser assim. Mas não lhe peço desculpa nenhuma. Você é que me devia pedir desculpa de me tornar tão doce o mundo quando ouço a sua voz, que eu não quero outra coisa senão ouvir a sua voz.Fique, meu querido, com o que quiser de mim.

Pedro Paixão in Vida de Adulto

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Sem Sublinhar

Sabes, eu penso que não sabes. Depois é mais ou menos isto. Não te quero dar o tempo sem saberes que te dou. De estar aqui enquanto podia estar ali. Mais ocupada. Como se não me ocupasses. Tu. O dia inteiro.

Vem de repente. Antes quando me falavas vinha de repente. Agora também só por me teres falado. Sempre a tua voz. Dois minutos. Dois minutos e muito mais. O tempo que demoro a pensar porque razão não me queres. Ver. Preferes ficar para aí sem pensar. O que podíamos ser. Ou ser sem sentires que para ser tens que sentir.

Como se não soubesses que os filmes que assistes no cinema são os mesmo que listo nos favoritos. A sépia nas minhas fotografias já não se usa mas nunca mais conseguiste ver alguém. Assim. Dessa maneira.

Não te dói lembrar. Não me faças lembrar do que eu compreendo que não sabes ou finges não querer saber.

Que as minhas mãos continuam iguais às tuas e que sou aquilo que sempre quiseste que fosses. Quando sorris na inconsciência do suspiro a seguir.

domingo, fevereiro 20, 2011

Never mind, I will (never) find someone like you

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Um breve regresso

Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa nenhuma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

Saint Exupery

sábado, fevereiro 12, 2011

da relação

Quero que me oiças sem me julgares
Quero que me dês a tua opinião sem me aconselhares
Quero que confies em mim sem me exigires
Quero que me ajudes sem tentares decidir por mim
Quero que cuides de mim sem me anulares
Quero que olhes por mim sem projectares as tuas coisas em mim
Quero que me abraces sem me asfixiares
Quero que me animes sem me empurrares
Quero que me apoies sem te encarregares de mim
Quero que me protejas sem mentiras
Quero que te aproximes sem me invadires
Quero que conheças as coisas que mais te desagradam em mim, que as aceites e não pretendas mudá-las
Quero que saibas que hoje podes contar comigo... Sem condições.


Jorge Bucay